O novo critério para Acidez e Alcalinidade na Água Purificada

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O novo critério para Acidez e Alcalinidade na Água Purificada

O novo critério da acidez na água purificada

Neste texto você irá descobrir o que mudou no parâmetro do ensaio de acidez e alcalinidade e como seu critério ficou mais rígido.

A água purificada é a água potável que passou por algum tipo de tratamento ou filtração para a extração de sujidades e contaminantes, suprindo assim os requisitos de pureza estabelecidos pela ANVISA. Esta água pode ser obtida através de destilação, deionização (troca iônica) e osmose reversa, sendo livre de qualquer substância dissolvida (BERNADO e PEREIRA, 2018).

            De acordo com a Farmacopéia Brasileira (2019), esta água é utilizada para preparo de medicamentos, fabricação de cosméticos, produtos de higiene e perfumaria, limpeza de equipamentos, teste de doseamentos, entre outras coisas. Sendo assim, indústrias e farmácias devem avaliar com frequência sua água purificada, no mínimo mensalmente, com testes físico-químicos e microbiológicos.

            Em relação às análises físico-químicas de água purificada, deve-se seguir os seguintes ensaios: características físicas, acidez e alcalinidade, substâncias oxidáveis ou carbono orgânico total e condutividade – podendo ser substituído por Amônio, Cálcio e Magnésio, Cloretos, Nitratos e Sulfatos (BRASIL, 2019).           

Como era antes

            A Farmacopéia Brasileira passou por sua última atualização em 2019, com ela alguns ensaios foram renovados, dentre estes está o ensaio de Acidez e Alcalinidade em Água Purificada. Na 5ª Edição da Farmacopéia Brasileira (2010), o ensaio de Acidez e Alcalinidade era realizado com dois reagentes indicadores: o indicador de solução alcalina Azul de Bromotimol, onde o pH igual ou acima de 7,6 tinha sua coloração azul e o indicador de solução ácida Vermelho de Metila, onde pH igual ou abaixo de 4,4 apresentava uma coloração vermelha. Em pH neutro, as soluções indicadoras apresentavam coloração amarelada (BROWN et al. 2016).

Como ficou

            Desta forma, ao colocar a amostra de água purificada em cada indicador a mesma deveria se manter com a coloração amarelada, indicando pH neutro, caso a amostra ficasse azul, indicava alcalinidade e se ficasse vermelha indicava acidez (BRASIL, 2010). Porém na atualização da Farmacopéia Brasileira (2019), este ensaio acabou tendo um único indicador de pH, o Vermelho de Fenol, este tem sua faixa de viragem para soluções ácidas em pH 6,6 e para soluções alcalinas, pH 8,0 (BROWN et al. 2016).

Ao adicionar o reagente indicador na alíquota da amostra de água purificada, a coloração da mesma poderá ser amarela ou rosa. Indicando a coloração amarela, deve-se adicionar Hidróxido de Sódio e verificar se há troca de cor da amostra, caso ocorra, indica neutralidade da água, pois ela modificada seu pH facilmente, caso não mude de cor, indica acidez. O mesmo ocorre se a amostra apresentar coloração rosada, porém o reagente utilizado para indicação da neutralidade da água é o Ácido Clorídrico. Caso também não ocorra a mudança de cor, indica alcalinidade (BRASIL, 2019).

Desta forma, tivemos um estreitamento para os valores aceitos de acidez e alcalinidade nas águas. Antes as águas purificadas poderiam variar de pH entre 4,4 a 7,6; atualmente este valor pode variar de 6,6 a 8,0.  Sendo assim, o que vem ocorrendo é uma maior reprovação das águas purificadas em relação a acidez, pois foi relativamente estreitado o pH de 4,4 para 6,6.

Afinal de contas o que é e o que impacta este parâmetro?

“O parâmetro acidez é a capacidade da água em resistir às mudanças de pH causadas pelas bases” (MARTINS, 2013). Desta forma, existem alguns responsáveis pela acidez, dentre eles:  sólidos e gases dissolvidos na água purificada, podendo ser de origem natural, como por exemplo, o dióxido de carbono (CO2) da atmosfera ou resultante da decomposição da matéria orgânica (MARTINS, 2013).

            O CO2 interfere na resistividade da água purificada, pois entra em equilíbrio com a água formando ácido carbônico (H2CO3), o que leva a queda do valor de pH (BROWN et al. 2016). Vale ressaltar que a Osmose Reversa não tem a capacidade de remover o CO2, ou seja, o mesmo passa através das membranas (DIAS, 2017).

            O pH do ácido carbônico varia entre 6,0 a 6,3, o mesmo é considerado um ácido fraco, porém sendo altamente identificado pelo indicador Vermelho de Fenol, pois possuem seu ponto de viragem para soluções acidas em pH 6,6 (BROWN et al. 2016). Diferentemente do indicador Vermelho de Metila, que identifica compostos ácidos a partir do pH 4,4, sendo assim, reprovação por acidez era algo mais raro.

Podemos retirar o CO2 da água?

            Mas aí fica um questionamento, o CO2 pode ser retirado da água? Sim, ele pode! E existem duas formas para isso (DIAS, 2017):

1. Para retirar o CO2 de um sistema de pequeno porte, uma membrana de degaseificação é o método mais utilizado;

2. Para sistemas maiores, adição de Hidróxido de Sódio antes da entrada da água na Osmose Reversa, tornando o pH alto e assegurando que todo o CO2 seja convertido em algum tipo de metoxilo (H3CO+) – composto que a Osmose Reversa é capaz de remover de forma muito eficaz.

Sobre como prevenir

            Não é apenas o CO2 que deixa acidificada a água purificada, produtos de limpeza em excesso, filtros saturados e colocados de forma errada e agentes microbiológicos também entram nesta lista (MARTINS, 2013), por isso, sempre mantenha a água de entrada com o controle de qualidade em dia, o osmose higienizado conforme a indicação de uso dos agentes sanitizantes e o controle da troca dos filtros.

Referências:

BERNARDO, Mirela Ferreira; PEREIRA, Luis Lênin Vicente. Controle de Qualidade no Sistema de Purificação de Água de uma Industria de Cosméticos. Revista Científica Unilagos, Rio de Janeiro, v. 1, n. 1, p. 1-12, 2018. Anual. Disponível em: http://revistas.unilago.edu.br/index.php/revista-cientifica/article/view/91. Acesso em: 24 jun. 2020.

BRASIL. Farmacopeia Brasileira. 5ª ed. Vol.2. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília: ANVISA, 2010.

BRASIL. Farmacopeia Brasileira. 6ª ed. Vol.2. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília: ANVISA, 2019.

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